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terça-feira, janeiro 10, 2006

A minha "ignorância"...

Analisando bem, eu não tenho a certeza da ideia que eu fazia das pessoas portadoras de deficiência motora, nomeadamente o estarem numa cadeira de rodas, daí o meu espanto por ele guiar um carro, por isso eu falo da minha ignorância.
Só temos consciência de que esta realidade existe, quando ela nos bate a porta, e pode bater à porta de muitas maneira, a minha foi através do amor, não digo que foi um amor à primeira vista, foi mais um amor que bateu de leve e foi crescendo ao longo dos anos, e que ainda hoje cresce, é feito de altos e baixos, de algumas quedas, e de muitas vitórias.
Essa realidade tornou-me consciente dos muitos obstáculos que a nossa sociedade tem, o de uma pessoa por mais autónoma que seja à sempre lugares que não pode ir sozinha, porque apesar de vivermos em sociedade não pensamos nos outros, somos egoístas. A nossa legislação diz que todos os locais de acesso publico devem ter rampas ou facilidades de acesso, isso não acontece, muitas vezes tem a rampa, mas eu gostava que o arquitecto, o engenheiro ou o fiscal que aprovou a mesma, se senta-se numa cadeira de rodas e tentasse subi-la sozinha, muitas vezes é impossível, é mais fácil subir pelos degraus do que pela dita rampa; Uma ida ao restaurante pode ser sinonimo de um dia estragado, devido aos acessos ou o restaurante em si é pequeno o que torna a refeição muito desconfortável; a programação de um fim-de-semana traduz-se num procurar de um hotel ou pousada que não seja muito cara mas que tenha acesso e instalações para deficientes, o que ainda nos dias de hoje é um pouco difícil de encontrar, encontrasse, mas a preços proibitivos para algumas bolsas; são tantos os obstáculos que não vale a pena estar a pensar neles, à que tentar aos poucos combate-los um a um e seguir em frente quando se tem de contorna-los.

Eu não me considero melhor que as outras pessoas, sou como sou, por amar uma pessoa que está numa cadeira de rodas, igual a qualquer pessoa “normal”, com algumas limitações, mas se nós pensarmos bem até nós temos limitações podem não ser visíveis, mas temos, eu também posso por a situação por outro prima, nós namoramos uma pessoa, de quem gostamos muito, tem um acidente fica numa cadeira de rodas, será que devemos tirá-la do nosso caminho? ou devemos seguir em frente e adaptarmos à nova situação? foi mais ou menos o meu pensamento na altura, também posso dizer que sou uma privilegiada, porque quando o conheci já estava completamente adaptado à nova realidade, e não tive de passar pela fase de adaptação, que na minha opinião de ser muito difícil.