Com a chegada do 13 de Maio, soa muitas pessoas que se fazem à estrada para percorrer essa caminhada de fé.
Caminhada essa que já foi efectuada por mim, sem qualquer finalidade para “pagar” uma promessa efectuada ou por acção de alguma graça solicitada, não, foi mais para testar os meus limites e por uma grande grau de curiosidade. No primeiro ano me predispus a entrar nessa aventura, que tem como distância cerca de 95 km e duração de dois dias, o espírito de aventura foi muito forte, tinha vários colegas de escola que já tinham ido e diziam maravilhas da caminhada, que apesar das bolhas e das dores musculares a sensação de paz adquirida conseguia superar tudo diziam eles, mas o meu lado céptico dizia-me que isso não era possível, como poderíamos ter uma sensação de paz se estávamos todos doridos, e lá fui eu, nesse ano éramos cerca de 120 pessoas, a mais nova tinha 16 anos e a mais velha tinha na altura 57 (o padre da nossa paróquia), posso dizer que pensei desistir ao fim de 30 km, a calçado também não ajudou, mas nos meus pensamentos, e foi uma coisa que me acompanhou até ao Santuário de Fátima, foi que eu não tive palavras de incentivo mas sim palavras que me deitavam a baixo, que eu devia desistir, que não ia aguentar a caminhada, que como era gorda e não tinha força de vontade ia ficar pelo caminho, e foram essas mesma palavras que me deram incentivo, por eu sou do contra se dizem vai por ali eu vou por outro lado, e foi assim que consegui chegar, com muitas bolhas, dores musculares eram mais que muitas, mas consegui chegar e garanti o meu regresso no seguinte ano.
A nossa peregrinação, na minha opinião é muito linda, não só porque o padre nos acompanha na caminhada a pé, e muitas vezes é ele que nos dá força para seguirmos em frente (pensamos assim se uma pessoa com mais de 55 anos consegue fazer a caminhada eu que sou muito mais nova tenho de conseguir), mas também pelo guião que nos acompanha, é lido ao longo das paragens obrigatórias e é feito com muito amor da parte dele o que nos deixa sempre palavras de incentivo ao longo da caminhada, depois e toda uma relação de inter ajuda que se cria num grupo tão grande como o nosso, (este ano o numero superou os 250 peregrinos), durante 3 dias somos como uma família que não deixa ninguém para traz.
Nas minhas 5 peregrinações eu tive experiências verdadeiramente reveladoras, como capacidade para aguentar a dor e o acreditar que Fátima pode ser um local muito especial, e eu digo isto porque sou muito céptica em relação às aparições, mas passei a acreditar que uma Força maior que nós existe naquele local. Tudo isto deu-se a duas coisa que me aconteceram, uma foi no meu segundo ano, o pior de todos, no primeiro dia já tinha os pés que eram uma bolha pegada e com varias luxações musculares, consegui seguir no dia seguinte com as bolhas a aumentarem e eu não podia tirar o calçado porque sabia que havia possibilidade de abrir os pés, o que aconteceu cerca de 20 km de Fátima, tive de ser ligada e talvez o spray dos atletas me tenha salvado nessa altura, (posso dizer que calço o 40 e cheguei a Fátima com uns sapatos 43 e não me estavam largos) e apesar disto tudo consegui vencer a dor e chegar, o outro acontecimento foi que por burrice minha numa das paragens a 10km de Fátima eu não disse que ia parar e como estava na cauda do grupo deixei todas as pessoas irem embora e fiquei sozinha, com muito pouca forças mas fui caminhando lentamente até à próxima sombra para me poder sentar, mas como eu detesto bichos e estava um pouco vento, quando pensava em sentar-me o vento batia nas ramagem e eu pensava que ia sair cobras e lagartos de lá e como não podia correr continuava sempre a andar até à próxima sombra, e foi assim durante 4 km, na paragem que fazemos perto de Fátima deram pela minha falta e voltaram a traz na carinha de apoio para me ir buscar, nela vinha o Sr. Prior e mais dois rapazes, e foi me pedido desculpa por me terem deixado para traz, o que eu neguei logo, a burrice tinha sido minha, e fui convidada a seguir na carrinha até à px paragem para me reunir com o restante grupo o que eu neguei e continuei a caminhar, agora acompanhada pelos dois rapazes até Fátima, o que eu senti dte o tempo que tive sozinha, é que eu não estava sozinha, estava acompanha por alguém que é superior que me dei a mão e me guiou o restante do caminho, e depois disso passei a ter mais respeito pelo Santuário de Fátima.
O que posso dizer mais sobre o assunto e que fui mais 3 vezes, anos que me correram muito bem um até cheguei a correr.
Hoje tenho muitas saudades dessas caminhadas, mas devido a indicações médicas é melhor me deixar dessas coisas e optar por caminhadas mais curtas e não tão duras.
A todos os que ainda estão na estrada ou se vão por à estrada, uma boa viagem que consigam chegar ao vosso destinos.
Até uma próxima…
