A minha consulta

A Dr.ª é uma querida, num fim de uma espera de 2h30m para o inicio da consulta, estando eu já desesperada a pensar que ela não aparecia ou que eu fosse a ultima consulta, o que implicava ter de vir no comboio da 24h para Lisboa, lá fui chamada.

A conversa foi muito esclarecedora em relação a tudo, mas com um conteúdo igual aos anteriores, passo a explicar, o tratamento hormonal que vou fazer não tem efeitos secundários em relação ao ressurgimento de novas células malignas, pelo menos não existem estudos científicos que desaprovem o tratamento, mas já não se pode dizer o mesmo em sobre a gravidez, e é aqui o cerne da questão, fosse ela uma gravidez espontânea ou uma gravidez resultante de um tratamento o resultado será o mesmo, uma gravidez de risco, é que durante a gravidez à uma produção anormal de células que poderá fazer ressurgir novamente o tumor, mas não é garantido que seja durante a gravidez, pode muito bem ser depois.
Este assunto mexe muito com uma pessoa, é uma decisão pessoal que não exige outras opiniões, que tudo o que possam dizer pode ter influencia mas não define a decisão final, porque essa tem de ser MINHA. Os meus pensamentos estão neste momento numa confusão completa, tenho a sensação de estar numa porta e não sei se quero abrir ou mantê-la fechada, eu até não sou pessoa destas indecisões, sou mais decidida sei o que quero e para onde vou, e estou com raiva de mim.
Também durante a consulta foi questionada a adopção, e sobre esse assunto eu já falei e a opinião é favorável, mas também temos de ter consciência que é um outro processo moroso e com poucas hipóteses de se poder concretizar, não estamos a desistir, estamos a ser realistas, e baseado nas estatísticas e na burocracia, é pouco provável que consigamos adoptar uma criança, devido a preconceitos e pessoas de mentes pequenas que é composto o nosso serviço publico, umas das coisas que foi comentado pela médica é tinha conhecimento de um caso que um dos membros adoptantes tinha tido um cancro e teve de ir a tribunal para justificar o estado de saúde dele, juntamente com o possível problema de saúde tinha também a idade da pessoas, 50 anos já é considerado idoso e pelo qual não tem capacidade de adopção e seria um entrave à adopção, a origem da criança a adoptar era de um casal de drogados que não queria ter nada a ver com a mesma, por isso podem ver como o nosso sistema é complicado, existem milhares de crianças adoptáveis e outros milhares de pais à espera e um sistema burocrático que complica mais do que simplifica, por isto tudo e pela situação que se encontra o meu marido conjugada pela minha, sei que tenho uma batalha quase perdida à partida mas não a guerra.
Uma das perguntas que a médica me fez, e que me moí a cabeça, é se eu quero ter uma criança para ela depois ter uma mãe doente e um pai que não pode dar todo o apoio quem a vai criar? , Eu se encontrar a resposta, e tem de ser encontrada no mais breve espaço de tempo, posso abrir a porta que define a minha indecisão.

Por isso não posso dizer que a consulta correu mal, posso dizer que acrescentou um cem número de questões à minha incógnita, vou aproveitar o melhor que posso para reflectir durante estes dias e desejar que o dia de amanhã me traga as respostas satisfatórias.

Desejo uma Páscoa recheada de chocolates e amêndoas.

Até uma próxima…